quinta-feira, 28 de junho de 2012

Dono de Casa Desequilibrado


Nesses meses que estou morando sozinho aqui em Porto Alegre, venho percebendo que não é algo tão difícil como eu imaginava. Sempre acreditei que me tornaria um porra-louca morando sozinho, que não dormiria antes das 4 da madrugada, que não acordaria antes do meio-dia, que não sairia do banho, que viraria noites na internet. Agora, chego da aula e tomo um banho rápido (e não é só porque a chave cai com frequência), e só durmo tarde se tenho trabalhos para fazer. Virar a noite na internet? Quem dera eu tivesse acesso.

CARLOS COMO GOVERNANTA: De vez em quando, compro coisas para incrementar o apartamento. Fiz um pequeno rancho em um bazar recentemente, comprei escorredor de louça, cortina nova para o box... Comprar é muito bom, e a sensação de comprar algo para aumentar o conforto onde se mora é melhor ainda. Mas muito dinheiro no bolso é como Deus pra mim (todo mundo diz que existe, mas eu não vi ainda), então só posso dizer que nunca dei tanto valor a um sorteio de vale-rancho em supermercado como dou agora. 

PROPRIETÁRIA DO APARTAMENTO: Volta e meia aparece no apartamento a proprietária, dona Reny. Uma senhora muito irreverente, diga-se de passagem. Ela vem, mexe nas coisas dela, conversa comigo e sempre faz a mesma pergunta: “Não tá mais pingando, né, meu filho?”. Não, dona Reny, não está mais pingando. Folia é quando vem ela e a filha Ivonete, porque a mãe quer levar todas as peças de roupa de frio para o apartamento da filha (“fujo de frio como o diabo da cruz”), mas a filha fica nervosa porque as roupas estão mofando, com traça, com mancha, etc. Prefiro nem mexer muito nas coisas do apartamento. Não é por falta de curiosidade (adoro bisbilhotar), mas não posso levantar muita poeira por causa da minha rinite alérgica. Os porta-retratos com fotos da família da dona Reny estão nos móveis ainda, não vou tirar. Tem uma foto do neto dela com o Luciano Szafir, é o mais perto que já cheguei de conhecer a Xuxa. 

ALIMENTAÇÃO: Tenho que me acostumar a ver a geladeira vazia, afinal, sou aluno de Jornalismo. Por questão de economia, tem dias que eu não saio para almoçar. Quando comprei meu ingresso para o show da Madonna, resolvi entrar em dieta. Por isso, faço sanduíches. Recentemente comprei um pacote de polenta pronta. Fiz assada, cozida e frita. A assada não assou, cozida me deixou estufado e frita me deixou enjoado por causa do óleo.  Não vou abrir mão da polenta ainda, acho que ela pode me proporcionar uma grande comodidade. Toda geladeira de quem mora sozinho tem mais coisa na porta do que nas prateleiras, e aqui não é diferente. E não adianta tirar coisas da porta e botar nas prateleiras, porque como “coisa na porta” entram todos os temperos, condimentos, molhos, azeites, leite, etc. 

HIGIENE E LIMPEZA: Nunca gostei de sujeira. Sempre fui um pouco relaxado, amo/sou procrastinar faxina, mas não gosto de lugar sujo. Como meu apartamento é manchado, tenho que me acostumar a evitar olhar para a parede, e se olho, penso que pelo menos tenho paredes. Curiosamente, acho que o pessoal que mora debaixo do viaduto da Silva Só (aqueles moradores de rua que fazem da rua uma casa, até enfeitam com vasos de flor de plástico e tudo) tem a “casa” mais ajeitada do que o meu apartamento. 

VIZINHOS: São silenciosos. Não há pagodes de madrugada (não que eu não goste), não há movimento de carros, não há cachorros latindo. Entretanto, há muitos cachorros silenciosos, porque vejo várias pessoas levando seus animais para passear no horário que eu chego da aula. Claro que não é um silêncio completo, por causa das ambulâncias que passam na Protásio todas as horas do dia. A vizinha de cima costuma xingar a filha com um tom de voz muito alto de vez em quando, mas nada que atrapalhe. Inclusive, sinto como se o Casos de Família tivesse começado mais cedo. 

ÔNIBUS: Adoro pegar ônibus, acho um ótimo lugar para ler. Agora que quem ouvia música alta descobriu que existe fone de ouvido, ficou melhor ainda para estudar. Tenho três possibilidades de ônibus do meu apartamento para a PUC: o 476 (Petrópolis-PUC), que é um dos mais modernos e raramente está lotado, mas que dá uma volta enorme, o 353 (Ipiranga-PUC) e o D43 (Universitário), que chegam na metade do tempo do 476 na faculdade, mas estão sempre a ponto de estourar, de tão cheios. Legal mesmo é pegar ônibus lotado com mochila cheia, os outros passageiros adoram.

COMO SOU VISTO EM PORTO ALEGRE: O Caí ainda não saiu de mim. Ando nas ruas e, se meu olhar cruza com o de alguém, faço um aceno com a cabeça. Devem pensar que sou um drogado estuprador. Sou o único que tem telefone da Tim ou da Vivo, portanto sou incomunicável de novo (já fui incomunicável quando tinha apenas telefone da Tim e todo mundo da Vivo). Afinal, por que todo mundo tem telefone da Claro aqui?

Bom, porto-alegrenses... segurem-se em seus banquinhos da Redenção, porque o caiense chegou para abalar as águas do rio/lago/esgoto Guaíba!

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